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São Paolo (Brasil), 28 de junho de 2014. O cenário de cuidados no Brasil é alarmante, senão aterrorizante quando caminhamos para uma perspectiva de vida de 82 anos! A população idosa do país está chegando aos 25 milhões, cerca de 12% do total de 201 milhões.

Dos 25 milhões de idosos, cerca de 60% são mulheres. E cerca de 8% vive com um salário mínimo. Diante dessa realidade existem apenas 230 Centros-Dia no país. Esta foi a fala inicial de Marília Berzins, presidente do Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento – OLHE, no evento Pensando a Longevidade: Novos Espaços para Cuidar e Ser Cuidado, promovido pela Angatu IDH por meio da parceria com o Vitalia Brasil, no último dia 28 de maio, em São Paulo.

São Paulo tem quase um milhão e meio de pessoas acima de 60 anos e apenas 4 Centros de Referência implantados, quando há cerca de dois anos o governo do Estado havia divulgado a criação de 100 unidades. Uma metrópole como São Paulo não tem nenhuma Instituição de Longa Permanência (ILPI) pública nem muito menos Centros-Dia. Isso demonstra como o envelhecimento, tido pela Organização Mundial de Saúde como uma história de conquistas e sucesso, é visto pelo Estado brasileiro!

Valorizar o envelhecimento como oportunidade constitui um desafio para o Estado brasileiro assim como para a sociedade em geral, pois enfrentar os desafios com sucesso significa integrar o componente envelhecimento como estruturante do desenvolvimento e porvir de uma sociedade, Estado.

Infelizmente, nem a sociedade nem o Estado integraram o componente envelhecimento. Não o enfrentamos como sucesso, mas como mazela, problema. Além da não execução daquilo que está previsto em diversas leis e políticas promulgadas há anos, um dos grandes problemas existentes é a setorialidade, que está em todas as políticas da assistência e saúde dirigidas às pessoas idosas mas que na prática raramente acontece. Segundo Berzins, tanto os Centros-Dia quanto as ILPIS, espaços coletivos de cuidados, por exemplo, são da Assistência Social e como tal não poderiam contratar profissionais da saúde. Algo que é impensável, pois ambas instituições lidam com pessoas com mais fragilidades, muitas delas demenciadas que precisam de cuidados mais específicos. Além disso, muitos profissionais não tem formação nem na área da gerontologia nem da geriatria.

Esta questão deve ser levada para as Conferências, tanto dos Conselhos de Saúde quanto dos Conselhos de Idosos, pois são espaços de controle social. É ali em que devemos levar questões que afetam o futuro de todos nós, como esses equipamentos urbanos que serão cada vez mais demandados e que envolvem não só o Ministério da Saúde e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, explicou Berzins. Segundo ela, as categorias de profissionais estão ausentes em debates fundamentais para se pensar a sustentabilidade de nossa longevidade. Dá como exemplo sua categoria, a Assistência Social, que só recentemente começou a discutir o envelhecimento.

Os conselhos (municipais, estaduais e nacional), as conferências e os fóruns representam um espaço privilegiado para a participação popular na elaboração, implementação e fiscalização das ações governamentais, além de permitirem o fortalecimento da relação entre Estado e Sociedade. Falta maior participação de pessoas com competência na área e preocupadas com o futuro de nosso envelhecer.

Aliás, pensar em envelhecer com futuro envolve muitos setores, não só Saúde e Assistência Social, mas Educação, Previdência, Comunicações, Meio Ambiente, Transporte, Planejamento, entre tantos outros, pois todos, crianças, mulheres, negros, índios, pessoas com deficiência… vão envelhecer.

Espanha

O cenário espanhol foi apresentado por Catalina Hoffmann, terapeuta ocupacional, criadora dos Centro-Dia Vitalia e da Metodologia Hoffmann. Na Espanha, cerca de 17% da população é composta por pessoas acima de 65 anos de idade. E até recentemente os espaços coletivos de cuidado, como os Centro-Dia, não eram bem vistos nem aceitos pela população até porque eram tidos mais como depósitos de gente.

Esse quadro vem mudando e Catalina faz parte dessa mudança, quando, em 2004, fundou seu primeiro Centro-dia, chamado Vitalia Ferraz, em Madrid, Espanha. Hoje ela é  CEO e fundadora do Catalina Hoffmann Holding Group e referência espanhola no setor. A partir de sua experiência ela desenvolveu um novo modelo de atenção voltado para a população idosa, denominado Método Hoffmann, que consiste em um tratamento reabilitador e preventivo, oferecendo cuidados que integram aspectos físicos, psicológicos, cognitivos e sociais. Seu objetivo principal é prolongar a independência das pessoas idosas, dando-lhes a capacidade de permanecerem em suas casas e terem  suas necessidades sociais atendidas.

Esse método possibilitou um novo modelo de negócio, as franquias, dando início à expansão da marca Vitalia por toda a Espanha, tendo como objetivo transformar o envelhecimento em um modelo de vida ativo, vital, saudável e positivo. Atualmente o grupo espanhol soma mais de 30 Centros-Dia Vitalia implantados na Espanha.

Em 2012, o grupo inicia sua expansão internacional no Brasil e México. No Brasil, o grupo se associou à Home Doctor, que está há 19 anos no mercado de Atenção Domiciliar e Soluções em Gestão de Saúde, para a implantação de Centros-Dia nas principais cidades brasileiras, sendo São Paulo a primeira capital a receber o serviço, no bairro de Moema.

Fuente: Portal do Envelhecimento

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