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Sao Paolo (Brasil), 23 de septiembre de 2014. Por Renato Bernhoeft. A sociedade em que vivemos nos prepara essencialmente para o mundo do trabalho. Os europeus inclusive dividem a vida naquilo que eles chamam de três fases:

1. Preparação para o trabalho – onde toda preocupação no processo educativo da criança está focado no acesso ao mundo do trabalho.

2. Período destinado ao trabalho – refere-se ao tempo em que nos vinculamos às organizações ou qualquer atividade que tenha um caráter produtivo.

3. Etapa do Pós-trabalho – que corresponde ao período da aposentadoria.

Foi a partir desta constatação que no início da década de 80 iniciamos no Brasil os programas de Pós-carreira, ou seja, preparação de profissionais para uma aposentadoria produtiva e que preserve a autoestima.

Desde a infância somos educados para que tenhamos uma carreira, sucesso e sejamos permanentemente produtivos. E isto funciona relativamente bem até o momento de transição que se inicia na meia idade.

Quando se aproxima a fase de aposentadoria, em que as pessoas imaginam que “desfrutar” é seu único objetivo, defrontam-se com a dura realidade que não se prepararam para isto. E o que é pior, não tem uma visão clara das mudanças que ocorrem com sua vida nesta fase.

Tendem a perder sua autoestima e sentirem-se inúteis no contexto da sociedade. Este sentimento de frustração decorre de um processo cultural que valoriza o jovem, a carreira, o trabalho e o sucesso.

Encarar a terceira idade de maneira positiva requer estar preparado para ela. É a fase em que os filhos já saíram de casa, os amigos começaram a morrer, o interesse pela parceira (o) pode diminuir, a energia já não é mais a mesma. Mas, em contrapartida, temos muito mais experiência da vida e podemos encará-la de maneira mais realista e menos estressante.

É vital desenvolver um projeto de vida que contemple tudo isto. Ou seja:

1. Buscar uma atividade que o mantenha em movimento, sentindo-se útil à sociedade e obtendo recompensas, sejam elas de cunho material ou de reconhecimento;

2. Estabelecer com o parceiro(a) uma forma efetiva e adequada para o novo momento de vida, pois agora “o ninho está vazio” e precisam descobrir novas formas de enamoramento;

3) Estabelecer novos relacionamentos ou preservar os antigos, mas sempre dentro de uma perspectiva positiva, não apenas para conversar sobre os problemas da vida;

4) Cuidar de si mesmo, tanto física como espiritualmente, não desprezando a aparência externa nem as questões interiores, sejam elas psicológicas ou biológicas;

5) Criar novos interesses como forma de passar o tempo ou até mesmo resgatar antigos.

Enfim, é importante considerar que a velhice não é só o momento que nos aproxima da finitude. É uma nova fase e poderá ser tão plena, bonita e gostosa como as anteriores, ou, quem sabe, muito melhor.

A teoria de Darwin, explicando a evolução humana, previa a sobrevivência dos mais adaptados. Nossa inteligência nos possibilita que nos adaptemos as mais diversas condições. Vivemos um novo momento que nos propõe um desafio: nos adaptarmos a um dos grandes ganhos da humanidade: anos de vida!

Para isso é vital ter um projeto de vida voltado para esses anos que ganhamos dentro desta fase que nos parece nova, mas é nela que passamos a ser chamados VELHOS!

(*) Renato Bernhoeft é presidente da Höft Consultoria. Parceiro da Anagatu IDH em Programas de Pós Carreira. Autor de várias publicações nas temáticas: trabalhar e desfrutar: equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Fuente: Portal do Envelhecimento

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