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Sao Paolo (Brasil), 23 de janerio de 2015. Por Simone de Cássia Freitas Manzaro (*). Na Doença de Alzheimer e demências similares as atividade de estimulação cognitiva são fundamentais. Sua função é estimular as capacidades da pessoa de modo a obter um funcionamento o mais aproximado possível da autonomia, procurando atrasar o processo demencial. Com isso se pretende maximizar as potencialidades residuais das estruturas subjacentes à cognição.

Temos como fato que a população está envelhecendo mais, estimativas apontam que até 2025 seremos a maior população em idosos no mundo. Devido a este fato, devemos aprender a lidar com as novas questões inerentes ao envelhecimento que irão surgir ao longo do tempo, sendo elas, patológicas ou não.

É possível envelhecer de forma ativa e com saúde, porém cada vez mais, devido à própria estimativa de vida que aumenta consideravelmente e pela tecnologia médica que nos permite maiores cuidados, nos encontramos em situações onde o aparecimento de doenças crônicas e irreversíveis se tornam praticamente comuns após os 60 anos.

Estamos falando das demências, que em sua grande parte não apresentam cura, o que dificulta seu tratamento e prevenção. De acordo com pesquisas, o quadro de demências vem aumentando consideravelmente, sendo a 4º causa de morte registrada em idosos, atingindo 0,7% entre 60 e 64 anos e 38% de 90 a 95 anos.

As demências são classificadas pelo Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV-TR) como o desenvolvimento de múltiplos déficits cognitivos, incluindo comprometimento de memória associada com pelo menos uma das seguintes perturbações: afasia (perda da capacidade e das habilidades de linguagem e escrita), agnosia (incapacidade de reconhecimento de objetos familiares através dos órgãos dos sentidos), perturbação do funcionamento cognitivo, estas devem comprometer o funcionamento de atividades diárias ou sociais da pessoa, colocando em risco sua capacidade de independência e autonomia.

Devido a estas questões é necessário que cada vez mais possamos criar estratégias, intervenções e atividades para trabalhar com essa população, usando da estimulação cognitiva para trazer benefício, mesmo que por tempo determinado.

Quando falamos em atividades de estimulação cognitiva, estamos nos referindo a toda e qualquer atividade que possa estimular as funções do cérebro como atenção, memória, percepção, raciocínio lógico, sensação dentre outras. O objetivo das atividades é de manutenção das funções preservadas.

Na Doença de Alzheimer e demências similares esse tipo de atividade se torna fundamental, uma vez que colabora com o tratamento medicamentoso. Sua função é estimular as capacidades da pessoa de modo a obter um funcionamento o mais aproximado possível da autonomia, procurando atrasar o processo demencial. Ao estimular a pessoa, pretende-se maximizar as potencialidades residuais das estruturas subjacentes à cognição, ajudando-a a compensar as suas dificuldades.

As atividades a serem realizadas não podem ser difíceis demais a ponto dos idosos apresentarem dificuldades de entendimento e resolução destes; e nem fáceis demais, a ponto dos exercícios não preencherem a proposta de esforço cognitivo para a sua resolução, e o mais importante é que estes propiciem uma maior interação entre os idosos, os profissionais e a família.

A princípio, devemos ter consciência que existem níveis de demência e que estes compreendem alterações cognitivas em áreas diferentes do cérebro como memória, linguagem, atenção, raciocínio lógico, planejamento, dentre outros. Portanto, o importante é elaborar atividades que possam contemplar essas diversas áreas a fim de recuperação de funções e ou minimização e estagnação de perdas.

A partir de uma avaliação neuropsicológica, o profissional conseguirá identificar quais as áreas do cérebro que apresentam um maior comprometimento cognitivo e depois disso, elaborar atividades e estratégias para trabalhar com esse idoso.

A prática constante de atividades cognitivas como leitura, jogos, quebra-cabeças, labirintos, cálculos, dentre outros, são considerados fatores de proteção importantes para o prejuízo cognitivo.

Atividades práticas de estimulação cognitiva

1- É importante ter um calendário em local visível e de preferência de letras garrafais e espaço em branco para escrever, criar rotina de todo dia pela manhã ir até o calendário e circular o dia, quando a pessoa perguntar que dia é, peça para que ela olhe para o calendário, de manhã ela circula o dia e, à noite, faz um X, sinalizando que aquele dia acabou.

2- Podemos montar um livro de memória, de fotos, lembranças, um tipo de memória biográfica. Mostramos à pessoa idosa e fazemos perguntas como: Quem são as pessoas da foto, nome, quanto tempo a foto foi tirada, quantos anos a pessoa tinha na foto. A intenção é estimular a percepção da pessoa, dela perceber onde estava na foto e também focar a atenção dela em detalhes e observar sua emoção diante das lembranças. Mostrar fotos e perguntar detalhes.

3- Criar rotina para a pessoa colaborar não só para a organização de sua vida como também para o cuidador/familiar. Desta forma é possível que ambos realizem atividades com o menor desgaste possível. Crie uma tabela/quadro com os dias da semana, escreva em cada dia as tarefas diárias e seus respectivos horários. Na ausência do cuidador principal, a pessoa que ocupará seu lugar, se guiará por esta tabela.

4- Ler, é um meio muito eficaz para exercitar a memória, principalmente quando lemos em voz alta, aprendemos melhor. Trabalhamos o raciocínio lógico, e também memória.

 5- Contar histórias trabalham o raciocínio lógico, depois pergunte detalhes da história, como o nome dos personagens, quem era filho de quem, onde aconteceu a história e etc.

 6- Música: colocar músicas que as pessoas ouviram na época de sua juventude, isso trabalha a memória recente.

 7- A família e/ou cuidador pode ajudar a pessoa idosa a:

  • Organizar cartas ou cartões de datas festivas (Natal, Aniversário…);
  • Ajudar a limpar a casa;
  • Plantar ou colher verduras, temperos, flores, regar;
  • Cozinhar (com supervisão para que não se machuque);
  • Rezar;
  • Cantar músicas antigas;
  • Dobrar roupas tiradas do varal;
  • Outras atividades simples.

Embora essas atividades pareçam à primeira vista algo muito simples, muitas pessoas que apresentam demência têm dificuldade em compreendê-las e realizá-las. É importante que cada atividade seja elaborada de acordo com a demanda de cada pessoa.

(*) Simone de Cássia Freitas Manzaro – Psicóloga formada pela Universidade Nove de Julho, realiza atendimento psicológico de adultos e idosos. É voluntária na Associação Brasileira de Alzheimer-ABRAz. Possui experiência em estimulação cognitiva para pacientes com demências, principalmente Demência de Alzheimer; atua também com estimulação cognitiva preventiva; Realiza consultoria gerontológica, orientando familiares e cuidadores, criando estratégias e atividades para lidar com o paciente no dia a dia, supervisionando treinamento prático. É membro colaborador do site Portal do Envelhecimento.

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