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Brasilia (Brasil), 4 de decembro de 2013Nem todo paciente que esquece é portador de demência e nem toda demência é Alzheimer.

As falhas na memória constituem a queixa cognitiva mais comum em idosos. Aproximadamente 50% destes, queixam-se de dificuldades em lembrar nomes, palavras e número de telefones. No entanto, a grande maioria, não apresenta uma doença primária da memória, ou seja, uma demência.

Vários fatores podem influenciar na memória, como a visão, a audição, a atenção, a concentração, a motivação, o humor, a cultura e as aptidões natas como a facilidade que cada um tem para lembrar-se de rostos, nomes, etc. Uma integração adequada de todos estes fatores, se faz necessária para uma boa memória.

As queixas mais comuns de perda de memória em idosos podem ser explicadas pelo:

– Envelhecimento normal, onde a memória não ocasiona prejuízo importante para o paciente, sem interferir com uma vida independente e autônoma.
– Uso de medicamentos, particularmente aqueles que atuam no sistema nervoso central como os tranquilizantes, os soníferos, antidepressivos, drogas para vertigem, entre outros.
– Doenças clinicas como os distúrbios da tireoide, da paratireoide, diminuição da vitamina B12, diminuição do sódio, etc.
– Doenças neurológicas como a doença de Parkinson, o acidente vascular cerebral.
– Doenças psiquiátricas como a depressão e o transtorno crônico da ansiedade.

Muitos pacientes procuram o consultório de Geriatria com queixas de perda de memória acreditando estarem iniciando um quadro demencial enquanto na realidade o que esta por trás destas queixas é um importante quadro depressivo. Cabe ao médico identificar todas as doenças clinicas e medicamentos que possam estar interferindo negativamente na memória.

Por outro lado, existe um grupo de pacientes que, ao procurarem o medico com queixas de perda de memória, já estarão iniciando uma demência. O que distingue estes pacientes é o déficit de memória e de outras áreas cognitivas, já suficiente o bastante para interferir na vida social ou laboral, e representa uma piora em relação ao nível prévio de funcionamento. Neste caso, o médico saberá que o paciente é portador de um quadro demencial.

Como próximo passo, procurará definir se está perante uma demência reversível ou uma das várias demências irreversíveis (Alzheimer, vascular, mista, fronto temporal, corpos de Lewi). Para isso, é necessário que se faça uma entrevista detalhada com o paciente e a família e solicite exames complementares incluindo exames de imagem cerebral (tomografia ou ressonância) e de sangue. Na presença de exames complementares normais o diagnóstico seria de doença de Alzheimer provável (uma das formas mais comuns de demência, porém não a única). A presença de infarto cerebral sugere demência vascular. Comumente a demência vascular e de Alzheimer coexistem no mesmo indivíduo. Os outros tipos menos comuns requerem outros meios diagnósticos.

O curso, o prognóstico e o tratamento destes diferentes tipos de demência podem ser distintos. Assim, nem todo paciente que esquece é portador de demência e nem toda demência é Alzheimer. Cabe ao profissional médico fazer esta distinção e orientar no tratamento.

Ulisses Gabriel de Vasconcelos Cunha
Médico Especialista em Geriatria / Coordenador da Residência Médica em Geriatria do Instituto dos Servidores do Estado de Minas Gerais

Fuente: Sociedade Brasileira de Geriatría e Gerontología

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